Estudo e Desenho de Letras
Ver também: | A vida do Infante Santo |
Peregrinações em Lisboa | |
Legendas de lisboa |
Ponto importante no estudo e desenho de letras, foi o estudo da lápide da base da coluna de Trajano (esplendor do tipo de letra Capitalis Monumentalis), em Roma, em 1950-51 (concretamente no Domingo 18 de Fevereiro de 1951), quando pintava o fresco do altar votivo de Nª Sª de Fátima na Basílica de Santo Eugénio.
Este tipo de letra usado na lápide, considerado expoente máximo da escrita romana monumental, foi estudado por muitos tipógrafos, em especial por Frederic W. Goudy (1865-1947), e deu origem a vários tipos de letra TRAJAN, nome da coluna onde se encontra.
Base da coluna de Trajano, no Foro Trajano de Roma, em 1950 | Martins Barata a decalcar a lápide da base da coluna |
SENATVS POPVLVSQVE ROMANVS / IMP CAESARI DIVI NERVAE F NERVAE / TRAIANO AVG GERM DACICO PONTIF / MAXIMO TRIB POT XVII IMP VI COS VI P P / AD DECLARANDVM QVANTAE ALTITVDINIS / MONS ET LOCVS TANT [IS OPER] IBVS·SIT·EGESTVS | Que se pode traduzir por: O Senado e o Povo Romano (subentende-se dão ou dedicam esta coluna) ao imperador César, filho de Nerva, Pontifex maximus no seu 17º ano no tribuno, tendo sido aclamado seis vezes Imperador, seis vezes Cônsul, Pater Patriae, para demonstrar a grande altura a que o monte se encontrava e foi removido para tais grandes trabalhos. |
Ver Reportagem ↗️“A fabulosa Coluna de Trajano em Roma” no National Geographic
O decalque foi feito em papel de cenário, fixado, e pendurado numa das paredes do Atelier de trabalho.
Exemplos de Desenho de Letras
(Para ilustrar a descrição do Cortejo Histórico das Festas da Cidade de Lisboa de 1935)
DESFILE NA CÔRTE
DO REI D. JOÃO O PRIMEIRO DESTE NOME, QUE FOI MESTRE DE AVIZ E REI DE BOA MEMÓRIA
Ofereceu-o a Câmara de Cidade ao povo de Lisboa no ano de 1935. Vão à frente vinte e quatro homens armados de lança que abrem o terreiro da passagem, aos quais se seguem trinta e dois moços e mocinhos da Câmara com trombetas recurvas que dão o toque de sinal para a entrada do Rei; com eles vão oito peões da guarda dos paços com bandeiras de D. João nosso Senhor e cinquenta homens dos nomeados e da Ordem de Cristo. Vem o D. Prior de Santa Cruz na sua cavalgadura, com arreio e jaez e teliz de vermelho e oiro; traz pluvial muito rico e o báculo de Coimbra doado por el Rei Dom Sancho e vem coberto com o pálio rico do pano |
pano de sede e oiro de Santa Sofia dos Turcos. Traz oito homens às varas do pálio e quatro monges de Santa Cruz e as divisas da Ordem e as ceras ardidas. Com ele vem o bispo de Coimbra e arcebispo de Braga mitrados e de asperges com cruzes processionais e ciriais ricos, cobertos de pálios de brocado e varas de lacas douradas. Vinte e quatro padres crúzios regulares e vinte e dois de S. Domingos de hábito branco e murças levam as penitências e vão com círios na retaguarda dos bispos de Silves, Évora, Bragança e os do Porto, Beja e Prior de Guimarães. Após, vem o Condestável, ataviado como cumpre, assim de vestido como de arnêz, o qual leva dez dos seus de confiança de entre os ricos homens que o acompanhavam em Aljubarrota e bem assim dez trombeteiros. E vai ante o pálio do Rei com dezasseis homens às varas, todos de brocado de oiro e branco e gorras vermelhas, perneiras de trama justa e gibões de arrasto debruadas de roxo e quatro pajens de armas de estandarte com arnêz do Rei, que leva os bobos, jograis e arremedadores de sua câmara. Cinquenta freires e vassalos escolhidos entre os melhor nados da sua ordem de Aviz sem escolta e mais dezasseis charameleiros e trombeteiros, todos arreados de pronto cumpridamente com panos de seda nas charamelas e as cruzes verdes abertas. Desfilam com o Rei dezoito cavaleiros de Borgonha que à justa e torneio de Belém vieram com seus escudeiros bem aviados de dalmáticas curtas, armoriadas e signais. Trazem armaduras de ferro lavrado e gualdrapas, jaezes e telizes e vêm empenachados à moda de França. Logo após eles, vem |
vem a Rainha. Abrem a sua corte quarenta passavantes de bandeira com o escudo bipartido de Aviz e de Lencastre: vem de seda de oiro e azul e branco. Duas Liteiras de marcha, de pano de veludilho e ferro feitas no Bairro Alto, sendo mestre de oficio Olaio da Rua da Atalaia; trazem as camarilhas que vêm com a anda grande de Dona Filipa, toda de pratas e verde, com dezasseis homens de dalmáticas de prata e negro. Traz a Rainha o manto grande de peles inglesas e a coroa de esmeraldas de oiro. Com a Rainha vão os seus tangedores da câmara, que são trinta e dois e levam os alaúdes e arquialaúdes, as liras, os anafis e outros engenhos de música. Com os tangedores vão as liteiras e palanques das donas da casa da Rainha assim portuguesas como inglesas, e seis falcoeiros com os seus falcões garceiros e de toda a voaria, e dez trombeteiros de recurvas e mais palanquins e andas ligeiras das damas de fora da corte. Segue-se a cavalgada das donzelas da outra banda do Tejo com palafreneiros e trombeteiros da casa do Rei e doutras casas do Reino. Vão de escolta cinquenta peões de armas com meio arnez e outros tantos vassalos ou cavaleiros dos de Santiago com seus charameleiros e hábitos de branco e todos armados e muito apostos e cumpridos em toda a maneira de armaria. Vem a casa do Infante D. Duarte com resguardo de pálio de dez fidalgos às varas e quatro bandeiras da ordem e outros tantos tejadilhos de brocado para os infantes D. |
D. Henrique, D. Pedro e D. Fernando levando o navegador alguns homens do mar, de bom saber, que diz trazer à Rua. E dezoito cavaleiros portugueses do partido do torneio de Belém, com seus págens e escudeiros armoriados que fizeram frente aos da Borgonha na liça do dia oito deste mês, vão com galdrapas de seda e emplumados e vestidos das coberturas de ferro lavrado e cortado que levaram e foram batidas na solda de Cruz dos Poiais desta cidade, sendo mestre da bigorna Raúl Martins. Com eles vão cinco trons e mais máquinas de guerra que o Rei quis mostrar ao povo que as não vira, e vinte homens escolhidos no manejo dos engenhos e mais seis trombeteiros deles. Vai fechar o partido dos cinquenta fidalgos emplumados, de gualdrapas ricas e jaezes de montada tanto portugueses como estrangeiros, que de França e doutras várias partes acorreram ao torneio e jogos de Belém. E dezasseis charameleiros rematam a folgança indo no encalço de todos os demais. Dado nesta mui nobre e leal cidade de Lisboa. Leitão de Barros o escreveu e Martins Barata o desenhou. 1935 Junho. E assim se fez sendo alcaide-mor da cidade Daniel de Sousa e vereado do pelouro Pereira Coelho. |
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