D. Fuas Roupinho
Aguarela sobre papel
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Podemos reconhecer nesta imagem, a lenda de D. Fuás Roupinho. O fidalgo, levado pelo ardor da caça, perseguia um veado sem ter a noção de que se aproximava, perigosamente, da beira da falésia. De súbito, o cavalo empina-se no limite do alto rochedo, como se tivesse ficado grudado. O espanto misturado de terror espelha-se no rosto de todos. Muito diluída, a efígie da Virgem milagrosa aparecendo no meio das nuvens, numa auréola de claridade, fez parar o cavalo na inevitável queda para o abismo.
O artista transmite, de forma expressiva, a sensação da elevada altura dos penhascos sobranceiros ao mar, acentuando um contraste cromático entre o azul das águas e a gama tonal dos rochedos. Aliás este procedimento de oposição de claro-escuro foi igualmente utilizado para estabelecer a visualização da ténue imagem de Nossa Senhora, face ao conjunto cavaleiro/cavalo assinalado por meio de tonalidades predominantemente escuras.
Maria Lucília Abreu
in Roque Gameiro - O Homen e a Obra, ACD Editores, 2005
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