Jaime Martins Barata, profissionalmente, foi professor dos Liceus de 1922 a 1947, altura em que pediu exoneração, para passar a ser Consultor Artístico dos CTT, até ao limite de idade (70 anos) em 1968.
Durante os anos de 1925-1927, fez inúmeras ilustrações para o Domingo Ilustrado (de que foi director juntamente com Leitão de Barros), e de 1928-1934 para o Notícias Ilustrado, e outras revistas (Ilustração, etc.). Durante toda a vida pintou quadros (inicialmente em aguarela, mas depois estudou e desenvolveu outras técnicas (têmpera, … de dimensões “caseiras”, que não exigiam grandes instalações.
A partir de 1940, com a Exposição do Mundo Português, foi convidado a fazer obras de “grandes dimensões”, que já exigiam instalações apropriadas. Vendo a cronologia das suas obras de grandes dimensões, podemos observar 3 fases bem distintas, marcadas pelos locais dessas instalações.
1ª Fase (1940-1949) - Caracterizada por não ter instalações apropriadas à realização de obras de grandes dimensões. Realmente, foram poucos os “grandes” trabalhos desta década:
- A pintura das 6 grandes telas (dois trípticos) para a Exposição do Mundo Português em 1940, foi feita na própria casa (na sala de estar / sala de jantar “polivalente”), em rolos suspensos nas portadas das janela, que eram desenrolados à medida em que eram pintados (só os viu por inteiro no próprio local da Exposição).
- As 6 telas (dois trípticos) da escadaria nobre do Palácio de S. Bento, “Cortes medievais”, foram pintadas numa sala do próprio Palácio de S. Bento.
- As 2 telas do átrio do Conservatório Nacional, “Dramaturgos” e “Músicos”, em 1945, foram pintadas em …?
- Os Cartões de tapeçaria “Os Descobrimentos - Infante D. Henrique e chegada de Vasco da Gama a Calicute”, eram apenas cartões, feitos a uma escala reduzida, sem grandes exigências de espaço.
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2ª Fase (1950-1959) - Fase caracterizada pela necessidade de alugar um atelier (supostamente provisório), que foi um dos pavilhões feitos para a Exposição do Mundo Português, em Belém, junto ao rio Tejo, actualmente destruído e local de parqueamento de embarcações de recreio.
- A primeira grande obra a ser realizada neste atelier, foram os estudos para o fresco no transepto da basílica de S. Eugénio, em Roma - Altar votivo de “Nossa Senhora de Fátima”. Foram realizados muitos estudos parcelares em tamanho final, mas penso que nenhum completo, pelas grandes dimensões do fresco (9 x 5 m).
- Os últimos trabalhos aqui realizados, em 1960, foram as 2 Telas da “Procissão de Corpus Christi”, para o antigo Ministério das Corporações, e as 3 telas para o salão nobre do Tribunal de Contas, em Lisboa.
Estudos para as telas “Procissão de Corpus Christi”, fotografados no atelier de Belém
A tela central “Um acto de liquidação de uma conta na Casa dos Contos, no tempo do rei D. Afonso V” para o Tribunal de Contas, fotografados no atelier de Belém
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3ª Fase (1960-1970) - Os 10 anos decorridos na segunda fase, com as idas e vindas quase diárias de Campolide a Belém (muitas vezes de manhã e de tarde), foram mais do que suficientes para desejar um atelier em casa, e para pensar em como devia ser um atelier para poder trabalhar com comodidade e sem necessitar de ajuda de outrem. Assim, em 1959-1960 realizaram-se grandes obras de renovação de parte da sua casa de Campolide, utilizando o espaço de uma pequena horta para a construção de um atelier, à sua medida.
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Metodologia de trabalho
para as obras de grandes dimensões
1- Escolha do tema, de acordo com a história do local da obra.
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2- Estudos preliminares, com várias hipóteses de enquadramento
Estudos para o fresco “Batalha dos Atoleiros”,
no Palácio de Justiça de Fronteira
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3- Vários estudos parcelares em estirador ou cavalete, precedido de abundante investigação histórica da época (com atenção ao vestuário, bandeiras, arquitectura, armamento, veículos, animais, etc.), para poder representar a cena de forma verosímil.
Estudos para as telas “Dramaturgos” e “Músicos”,
no átrio do Conservatório de Música de Lisboa
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4- Realização de várias maquetes e estudos de integração, para aprovação
Frescos “Cortes de Almeirim”, no PJ Santarém Fresco “Chegada de D. João IV”, no PJ de Montijo
![]() no Palácio de Justiça do Porto
PJ de Seia PJ de Fronteira Conservatório de Música
Vários estudos do fresco “O Decepado”,
no Palácio de Justiça de Vila Pouca de Aguiar (1969)
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5- Realização da maquete definitiva (em tela ou cartão, normalmente à escala 1:5)
Maquetes dos frescos “Casamento de D. João I” e “Embarque para Ceuta”
no Palácio de Justiça do Porto (1961)
(em tela - 1,26 x 1,98 m - escala 1:5)
Maquete do fresco “D. Pedro de Menezes recebe o Aléo”
no Palácio de Justiça de Vila Real (1956)
(em tela - 0,80 x 1,66 m - escala 1:5)
Maquetes das telas “Cortes medievais”
na escadaria do Palácio de S. Bento (1944)
(em tela - escala 1:20)
Maquete da pintura “O Fomento Ultramarino e a Metrópole”
na sede do Banco Nacional Ultramarino, em Lisboa (1964) (escala 1:5)
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6- Marcação de “quadriculado” na maquete (se ainda não estava),
e fotografia em negativo de vidro
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8- Pintura da obra (em papel de cenário), em grafite ou usando tintas de água (pigmentos e cola),
os mesmos pigmentos que usará na pintura final, para evitar as surpresas cromáticas
Estudo em tamanho final (4,00 x 8,35 m) do fresco “D. Pedro de Menezes recebe o Aléo”
no Palácio de Justiça de Vila Real (1956)
Estudo em tamanho final (3,25 x 6,70 m) do fresco “Batalha dos Atoleiros”
no Palácio de Justiça de Fronteira (1966)
Estudo em tamanho final (3,20 x 18,00 m) do fresco “O Juízo Final”
no Palácio de Justiça de Castelo Branco (1968)
Estudo em tamanho final (2,43 x 5,12 m) do fresco “O Decepado”
no Palácio de Justiça de Vila Pouca de Aguiar (1969)
Estudo em tamanho final (3,00 x 7,00 m) da pintura “O Fomento Ultramarino e a Metrópole”
na sede do Banco Nacional Ultramarino, em Lisboa (1964)
Estudo em tamanho final (3,65 x 4,70 m) do fresco “Chegada de D. João IV”
no Palácio de Justiça do Montijo (1959)
Estudo em tamanho final (3,95 x 2,48 m) do fresco "O Bom Pastor"
na capela do Instituto de S. José, Vila do Campo, Viseu
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